segunda-feira, 1 de abril de 2013

Em campanha, Dilma deixa gestão em segundo plano


A antecipação da campanha eleitoral pela presidente Dilma Roussef (PT) é um erro grave e pode trazer conseqüências danosas para o país com reflexo direto na execução de algumas medidas administrativas propostas pelo governo.

Desde fevereiro quando viu sua reeleição ser bancada pelo ex-presidente Lula e, provavelmente orientada pelos seus marqueteiros, Dilma vem dedicando seu tempo e energia cada vez mais à agenda eleitoral em detrimento do exercício do mandato.

Entre as ações que denotam a opção da presidente pelo palanque eleitoral estão o lançamento de programas e ações do governo com caráter muito mais para a propaganda do que qualquer outra coisa.
Dilma também tem utilizado os pronunciamentos em cadeia nacional de rádio e TV para fins político-partidários. Foi assim durante o anúncio da redução do valor das contas de luz, quando fez ataques a seus adversários, criticou a imprensa e desqualificou os brasileiros que ousam discordar de seu governo.

O caráter político-partidário do pronunciamento oficial da presidente pode ser constatado, inclusive, pela substituição do brasão da República pela marca publicitária do atual governo na vinheta de abertura da “peça publicitária” veiculada em cadeia nacional durante oito minutos.

Em outro pronunciamento em rádio e TV mais recentemente, na data em que se comemorava o Dia Internacional da Mulher, a presidente anunciou de maneira oportunista a desoneração dos impostos da cesta básica. Em setembro de 2012, Dilma rejeitou proposta do líder do PSDB na Câmara à época, deputado Bruno Araújo, de zerar os impostos federais para os mesmos produtos.

Inicialmente, a desoneração da cesta básica estava na Medida Provisória 563, do Plano Brasil Maior, que, além dos alimentos básicos, retiraria tributos do Programa de Integração Social (PIS), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI). Na época, para a presidente, faltava relevância para aprovar a redução dos impostos.

Na corrida pela reeleição, até a polêmica visita a Roma para acompanhar a cerimônia de posse do Papa Francisco foi pensada como estratégia de marketing, segundo informou o jornalista Fernando Rodrigues, em seu blog na Folha. “Num primeiro momento, Dilma Roussef rejeitou a ideia de viajar a Roma para cumprimentar o novo papa. Depois, mudou de ideia. Por quê? Simples. Marketing eleitoral puro. A petista mais perderia do que ganharia se ficasse no Brasil.”, afirma o jornalista.

Esses são apenas alguns exemplos de que a corrida eleitoral para a presidente e para o PT já teve início.
Como representante do PSDB na Câmara dos Deputados, penso sinceramente que a atitude da presidente, muito mais que prejudicar seus adversários nas eleições do próximo ano, traz como conseqüência danos à sua própria administração.
É óbvio que quando se governa num ambiente tipicamente de disputa partidária todas as atitudes e medidas de um governo procuram se conciliar com o calendário eleitoral e não com um projeto de gestão responsável para o país.
Se Dilma e o PT colocaram o carro à frente dos bois com vistas a 2014, o mesmo não se pode dizer das ações de governo, que andam a passos claudicantes e vagarosos.

Cito como exemplo a proposta de terceirização dos portos encaminhada ao Congresso em forma de Medida Provisória. A iniciativa, mesmo que tardia, é importante para a modernização da atividade portuária no Brasil. Mas aqui cabe uma pergunta. A proposta será mesmo levada adiante frente aos protestos de sindicalistas ligados ao PT somado ao clima de corrida eleitoral?

Não tenho bola de cristal, mas a tendência que esses e outros projetos que poderiam significar um avanço em termos de gestão administrativa estão fadados a ser engavetados ou modificados para atender interesses pessoais e partidários.

Esse é o quadro que estamos assistindo a um ano e meio das eleições de 2014 e daqui para frente, infelizmente, a tendência é que ele se aprofunde cada vez mais. Perdem o Brasil e os brasileiros.

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