domingo, 6 de janeiro de 2013

Governo Dilma vive de anúncios


O governo da presidente Dilma Rousseff está entrando em sua segunda metade. É hora de perguntarmos: nossa economia está indo bem? As perspectivas são de que melhoraremos? O atual governo está indo bem?
Para entendermos e respondermos essas perguntas, é necessário recordarmos como chegamos até aqui.
De 2005 a 2010, nossa economia cresceu significativamente acima do que vinha crescendo nos anos anteriores. Parecia que tínhamos finalmente acertado a mão e que veríamos o que o ex-presidente Lula chamava de o “espetáculo do crescimento”.

Porém, nos últimos dois anos o crescimento vem diminuindo e a inflação, aumentando. Em 2011, crescemos 2,7%, e este ano cresceremos em torno de 1%. Porém, inflação vem tangenciando perigosamente o limite superior da meta.

O governo atribui essas dificuldades à crise mundial e diz que tão logo atravessemos essa marola voltaremos a crescer tal como ocorreu de 2005 a 2010. Porém, o governo está errado nessa análise. A rigor, exceto parte da Europa, todos os outros países estão crescendo bem mais do que o Brasil.

Por exemplo, aqui na América do Sul, tirando o Paraguai, o Brasil terá a menor taxa de crescimento econômico. Todos estão crescendo e nós estamos patinando. Ao analisarmos o período de 2005 a 2010, podemos tirar algumas conclusões. Naquela época, tivemos um forte aumento do preço das commodities, o que contribuiu, e muito, para alavancar nosso desempenho.

Além disso, tivemos um forte aumento da entrada de capitais estrangeiros e o governo teve o bom senso de nomear a dupla Antonio Palocci e Henrique Meirelles para manter a política econômica herdada de Fernando Henrique Cardoso.

Com isso, lá atrás foi possível aumentar a formação bruta de capital fixo, que é tudo aquilo que você investe para produzir desenvolvimento econômico. Esse valor, que era de 16,1% em 2004, chegou a 19,5% em 2010. Um aumento significativo. Com isso, também foi possível diminuir a taxa de desemprego, que era de 12% em 2004 e atingiu 4,9% em novembro de 2012.

Essa diminuição do desemprego também faz com que mais gente vá para o setor formal e aumente a produtividade natural do trabalho. As pessoas trabalham em setores mais estruturados. Então, isso dá não só aumento da produtividade, como da produção.

Na atual realidade que o Brasil vive é diferente. A expectativa é que nossa formação bruta de capital fixo caia para 18%, uma queda de 1,5%. A entrada de capital diminuiu muito. O governo emite sinais que dão insegurança aos investidores. Por isso, os capitais não vêm.

Uma outra questão que precisa ser observada. Nós estamos praticamente a pleno emprego, o que é muito bom. Por outro lado, com isso não há espaço para crescer (aumentar o PIB – Produto Interno Bruto) através do aumento do nível de emprego. Daqui para frente, o crescimento somente se dará com o aumento da produtividade.

Para piorar as coisas:
1) A inflação continua a mostrar sinais de alta;
2) Já gastamos um bom pedaço do bônus demográfico.
3) A nossa produtividade e competitividade continuam a ser muito baixas. É só ver a nossa posição no Índice de Competitividade Global, que é divulgado todos os anos pelo Fórum Econômico Mundial.

Resumindo, o cenário atual de nossa economia é uma combinação de índices bem baixos de crescimento do PIB, de volume de investimentos (formação bruta de capital fixo) e de produtividade.
Desse mato não sai coelho, a menos que se mude o rumo das coisas. Não existe mágica em economia. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que o governo relança a toda hora, no que diz respeito aos investimentos do Orçamento Geral da União, é uma piada, para não dizer um estelionato político. O governo investe apenas 1% do PIB e isso não vai mudar.

O governo de Dilma Rousseff até aqui tem vivido de anúncios. De propaganda da propaganda. Para usar uma metáfora do futebol, o governo fala muito, fala muito, só fala. Os números mostram um quadro bem diferente.